quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

De repente...





"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto"

Vinícius de Moraes



De repente... É assim que tudo começou e o trecho anterior do grande poeta, que melhor descreve sentimentos com as palavras, traz um ar de drama. Nem é pra tanto, não há tanta dramaticidade, mas o "De repente" do poema, é o mesmo que se deu, em mais um pedaço de tantos amores que se passaram,passam e passarão, nessa existência entrecortada de amores que vem e vão...

Muitos se passaram antes desse, mais de um ano que não são registrados, fatos, histórias, sensações, talvez alguns não são passíveis de serem descritos, muitas vivências se perdem no tempo, muitas estão perdidas ainda nos pensamentos, ainda são difíceis de serem capturadas com palavras, algumas estão à espera de serem descritas para serem entendidas. Aqui retorno, sob inspiração de um "De repente"...

Um instante, e aquele alguém que parecia mais um dentre os demais, muda tudo. De repente... e aquele olhar já não é um simples olhar,são olhos que incitam desejo, o sorriso que desperta uma fagulha, já adormecida há algum tempo.A paixão, deveras posta de lado, é acesa.

Ah! Dionísio, você lá do Olimpo veio enlaçar uma simples mortal com sua argúcia!Há tempos já tinha tomado sua decisão: "Não mais me deixarei levar pela paixão, experimentarei todos os pedaços de amor que a vida me oferecer, vou saborear cada pedacinho, sem deixar abrir o apetite para querer mais".

Mas o fator "de repente", não estava previsto, sob efeitos dionísicos ela se deixou levar, e aquele olhar, aquele sorriso, de repente... se tornaram mais próximos...em um rompante, ela se aproximou, e as bocas se uniram, os braços enlaçaram-se. Foi a primeira vez.

Algumas outras vezes brincaram de ser um casal. De repente... a ilusão de amor já a fazia feliz. Não era apenas os desejos ardentes, não era só mais uma noite, não era só mais um dia de distração. Há tempos que o toque da pele, era um simples toque na pele, sim havia desejos, havia arrepios, havia distrações, mas não aquele toque sutil de carinho, aquele olhar de compadecimento,aquele suave toque que não quer despertar o fogo ardente que incendeia o corpo, mas que atinge a alma,de repente...o corpo não queria apenas outro corpo,já queria um encontro de almas.

Sim, os beijos eram inebriantes, os abraços arrepiantes, os corpos tinham desejos inflamados. Talvez para ele só isso que importasse, só isso que o fazia estar enlaçado pelos braços dela. Mal sabe ele,para ela o que ficou não foram as lembranças que incidem sobre o corpo, mas os toques que sibilaram-lhe a alma... As mãos dadas que transferem calor, aqueles 50 graus do corpo dele, sendo ela a fonte desse calor; os beijos em suas costas enquanto ela move seu corpo sob o leito de amor, o aconchego de seus braços que pedem a aproximação do corpo dela, os afagos sobre sua pele, o cafuné em seus cabelos, desgrenhados após tantos... tantos beijos,tantos abraços,tantos impulsos de prazer saciados. Para além disso, todo o cuidado para que suas necessidades fossem atendidas, desde o suprimento da fome, até o pedido de um simples pente para arrumar suas madeixas. E ela não esquece os momentos em que ele parecia estar envolvido, ao dirigir lentamente, "para aproveitar melhor o momento", enquanto segurava uma das mãos dela, sem soltar nem por um instante; ao beijar suas mãos, enquanto juntos assistiam a um filme,e quando ele como um bichano querendo atenção, roçava sua cabeça em suas mãos, lhe pedindo carinho.

Mas o "de repente", sempre está presente,como uma nuvem que se forma antes de chover, apareceu como no Soneto de Separação, do excerto inicial. Uma nuvem negra formou-se sem ela perceber, quando viu, a chuva desabou sobre seus olhos, e as mãos espalmadas, já se espantavam, o riso já era pranto, e a espuma já surgia, ao invés das bocas unidas.

Poderia tudo acabar no espanto e no pranto,mas... de repente... tudo pode ser diferente. Ela depois de tantos pedaços, aprendeu a saboreá-los. Sim, permanece sempre aquele "gostinho de quero mais", como quando se come um doce raro, de sabor inigualável, que não se encontra em toda esquina. Ela aprendeu que há sim pedaços de amor que são doces raros, que se come uma vez e se quer mais, mas ela já sabe que o mundo é uma grande doceria, que há muitos doces a serem provados, cada um com um sabor diferente, com muitos ingredientes variados, e é de repente, só de repente, que aparece aquele doce que se torna o seu predileto, quando se aprende a receita dessa confecção culinária, que leva tempo para ser conhecida, mas que uma vez aprendida a transformará de degustadora de pedaços, a consumidora de um doce que a saciará por completo.










terça-feira, 9 de agosto de 2011

Insaciável Voracidade



Como explicar o tempo que passou, mas as suas lembranças que ficaram?
Na velha avenida, ela caminha...seu corpo a leva à entrada da rua onde algumas vezes viveu um sonho...esteve ao lado daquele que nunca mais deixou de estar em seus pensamentos...
Agora um novo pedaço lhe chega à boca,novamente saliva e degusta os sabores que Afrodite lhe despeja de uma só vez, sem deixar sede, esgotando o elixir da paixão que deve ser experimentado aos poucos...Será que dessa vez restará sede, para quem é uma fonte sem fim de desejo e voracidade?
A grande avenida antes lhe conduzia a um angulo que agora dá para outra vista...Mais um pedaço fadado ao fim, mas que agora já não lhe dói pensar na insipidez. Depois daquele inesquecível pedaço nenhum outro poderá lhe fazer sentir o mesmo gosto.
Resta saborear aos poucos esse novo pedaço, para que não acabe logo e tenha que buscar outro que lhe supra a fome,necessidade básica dos homens, já que o desejo infinito sempre estará na boca voraz,insaciável por aquele pedaço experimentado e jamais de novo degustado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Florbela Espanca....fale por mim....



AMAR

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais este e aquele, o outro e a toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que eu saiba me perder... pra me encontrar...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cada um chama como quer...




Viagem que pra mim foi vertigem
viagem que pra mim foi miragem
viagem que pra mim foi mensagem
codificada em código eSTELLAr.

Para entender tem sim que viajar
mas uma viagem além mar,
além terra, além céu.
Viagem nas profundezas do coração meu.

Viajei sim,com passagem de ida
sem prazo de volta.
Sem mapa pra me guiar,
sem condutor pra me dirigir
sem saber pra onde ir.

Viajante sozinha,
busquei companhia,
consegui algum dia.

No caminho da solidão,
a dois segui iludida.
Achei que era um varão
era apenas uma sombra esvaecida.

Chamaste viagem
o que é sentimento
talvez a passagem
seja o esquecimento.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Desabafos de uma tresloucada - tentativa de autoterapia




"Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços...
...Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho"
(Você não me ensinou a te esquecer- Caetano Veloso)


Ando cada dia mais tresloucada...
Decido esquecer, mas quando penso que esqueci,me lembro
Tudo me faz lembrar daquele que se lembrou de me esquecer, mas esqueceu de me lembrar de esquecê-lo.

Tudo me traz ele à memória, mas nada me traz ele ao tangível, ao real.
Cada letra R, cada vez que seu nome aparece em algum lugar,cada Ford Focus prateado é uma esperança de ser ele dirigindo. Cada ida á Paulista me faz passar na rua dele como se o fosse encontrar, mesmo sabendo que aquele horário é impossível dele estar ali.Cada vez que se fala de corrida,natação triatlon. Cada música ouvida juntos, seja da Shakira,do U2,Paralamas do Sucesso.Cada música de amor melosa seja do pagode mais fuleiro,ao MPB mais rebuscado, todas as canções me trazem lembranças de momentos vividos intensamente.

Aqueles olhos verdes estão sempre no alto dos meus pensamentos,fecho os olhos e os enxergo como se estivessem a me admirar como outrora. Ai de mim se pudesse ir atrás dessa outrora e o encontrar novamente.

Encontrar só pra terminar,oras, se começou,tem que ter um fim. Sou muito sistemática e me sinto perdida quando não vejo o fim do filme, a última página do livro escrito FIM, ou o adeus, me dizendo pra não ter mais esperança,que não tem volta, que acabou.

Enfim, muitas vezes eu mesma penso que se vivi 24 anos sem saber da existência dessa criatura, porque agora não conseguiria continuar a vida como sempre,sabendo que "os homens são assim mesmo", "que ele é mais um, como você foi mais uma na vida dele". O problema é que a paixão é uma doença pathos - patologia que começa com a criação de um simulacro,explico: é a criação na sua cabeça de alguém que não existe,é como você imagina e quer que o outro seja. Sendo assim, essa pessoa criada e projetada na outra pessoa só é descoberta como alguém que não existe, depois que você quebra a cara. Caso a outra pessoa tenha feito alguma projeção sobre você,e tenha entrado em ajuste com a sua pessoa real, o relacionamento vai pra frente. Em casos em que não dá certo, como o meu, só o tempo pra ajudar a matar esse ser criado. O problema é que o tempo, matador de simulacros, mata como um veneno, em doses de conta-gotas e no meu caso pra fazer efeito precisa de um remédio que amarga a boca, mas que cura a doença, o ADEUS final.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sem Explicações



Era inverno, estava frio
e tu me aqueceste.
Agora é verão, está calor,
mas sinto arrepio e
já não estou aquecida.

Chegaste sorrateiramente,
foste antes de te dizer
o que o coração sussurou
na minha mente.

Antes uma ilusão,
durante uma confusão,
agora uma destruição.

Incertezas permanecem:
o que poderia ter sido,
o que foi,o que será
de mim, de você,
e um nós, existiu?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sentido Contrário




Tudo que eu queria agora
Era um beijo seu
Molhado
Como quase sempre estão os olhos meus
Deitar nos teus ombros
E dormir em paz
Será que é pedir demais?
Cadê você amor?
Sozinha agora estou, de novo
Tudo o que eu queria
Era o seu calor
Colar teu corpo junto ao meu
E detonar o cobertor
Contraditório
Sua pele quente me faz tremer
Cadê você amor?
Por que não vem me ver?
E aí
O que é que eu faço com essa falta que você me faz?
A hora nesse quarto parece andar pra trás
Mas quando estou com você
O tempo voa.
E aí
Me diz?
O que é que eu faço com essa falta que você me faz?
A hora nesse quarto parece andar pra trás
Mas quando estou com você
Infelizmente
O tempo voa...
O tempo voa...
O tempo voa...
O tempo voa...
Voa...
O tempo voa.